CO-DEPENDÊNCIA



A Co-dependência, também conhecida por "mulheres que amam demais" 
(Robin Norwood),

 É uma incapacidade que algumas mulheres têm para viver relacionamentos amorosos saudáveis, com uma tendência constante para se apaixonarem por pessoas muito problemáticas e ficarem presas emotivamente a estas mesmas pessoas.

Nestas mulheres, existe uma atracção por parceiros que sejam ausentes, negligentes, imaturos ou mesmo violentos (fisicamente e/ou verbalmente). De uma forma inconsciente, há uma necessidade de perpetuar uma série de emoções negativas que estes parceiros lhes provocam, como forma de se manterem num "equilíbrio" enganador, que lhes traz sofrimento e angústia ao longo de toda uma vida.

A questão que se coloca imediatamente é: porquê? Porque é que uma mulher opta por se aproximar a um homem tão problemático? Porque é que depois de muitas experiências de humilhação, continua a gostar daquela pessoa que a mal trata?

Esta opção, muitas vezes, não é uma atitude consciente e racional por si só. Com frequência estas mulheres sabem que sofrem e continuarão a sofrer, mas sentem que precisam desta instabilidade para viver e atribuem-na ao amor que sentem pela outra pessoa e não à dependência que entretanto criaram.

Um envolvimento com um parceiro que não seja problemático torna-se para estas mulheres insípido, aborrecido e monótono, porque não contem o dramatismo, a luta diária e a incerteza que geram para se sentirem vivas. Considera-se que esta tendência está relacionada com padrões disfuncionais familiares do passado, e que quanto maior o sofrimento da criança no passado, maior a probabilidade de na idade adulta a mulher reproduzir esses mesmos padrões com novos companheiros.

No fundo, esta é uma forma de dependência tão auto-destrutiva como no abuso de substâncias, alcoolismo ou vício do jogo, estando a diferença no "objecto" em que essa dependência é depositada. Torna-se uma relação do género "chave-fechadura" e que acaba por se prolongar no tempo ou mesmo uma vida toda, porque a mulher sente necessidade de assumir um papel maternal e cuidador para com o companheiro problemático, e este, por sua vez, precisa de uma mulher que manifeste características de dependência e vulnerabilidade psicológica. Ao contrário do que se possa pensar, esta relação é prejudicial para ambos, pois a mulher alimenta no companheiro a manutenção dos seus comportamentos negativos, não lhe permitindo igualmente prosseguir com outra forma de vida.

Apesar de ser menos frequente, alguns homens tambem podem sofrer de co-dependência. Acredita-se que não seja tão visível e que mais facilmente se mantenha dentro de "4 paredes", porque socialmente ainda existe uma conotação muito negativa para o homem que é sujeito a maus-tratos (quer físicos, quer psicológicos). Permanece ainda o estigma de que é a mulher que passa por estas situações.

Nestes casos de co-dependência, a ajuda psicológica torna-se fundamental porque é natural que a pessoa sinta um enorme vazio e imensas alterações emocionais quando se tenta comportar de forma diferente com o companheiro ou quando quer uma separação. Há quem se mantenha na co-dependência a vida toda para não ter de passar pelo angustiante processo de separação. A pessoa acredita que não aguentará viver sem essa pessoa e prefere manter-se infeliz e insatisfeita.

A terapia ajudará ainda a que a mulher se começe a questionar sobre a razão que a leva a sentir-se atraída por homens com determinadas características negativas em comum e a perceber a origem desse comportamento, de forma a ultrapassá-lo. Como diz Maria do Rosário Dias "não podemos escolher a família nem alterar o que está para trás nas nossas vidas, mas podemos escolher as pessoas com quem nos relacionamos pela vida fora"

origem: Co-dependência: "Mulheres que amam demais" http://pt.shvoong.com/social-sciences/psychology/1758993-depend%C3%AAncia-mulheres-que-amam-demais/##ixzz1HwuJ22kV

MULHERES QUE AMAM DEMAIS

Dependência Afetiva

Dependência financeira? Pior que isso é a dependência afetiva, um distúrbio de comportamento que afeta um número imenso de mulheres. São mulheres que "amam demais", ou seja, confundem carência com amor, têm uma baixa auto-estima, e dão tanto de si mesmas pelo relacionamento que acabam vazias. Conheça as características das "mulheres que amam demais", aprenda a identificar a dependência afetiva e veja se você se inclui nesse grupo.

MULHERES QUE AMAM DEMAIS 

Deixar o seu país, sua família e amigos para trás na esperança de viver um grande amor, casar, ter filhos e levar uma vida mais tranqüila na Europa - esse foi o ponto de partida da maioria das mulheres brasileiras casadas com alemães e que moram atualmente na Alemanha. Seja qual for a origem econômica e social da mulher, é sempre uma decisão difícil largar o país onde se nasceu e tanta gente querida para morar em uma terra estranha. Mas, como muitas dizem ao tomarem a decisão, "quem arrisca não petisca", não é mesmo?

Em termos. Arriscar tudo sem garantias é como assinar um papel em branco, é apostar tudo em um relacionamento e em um homem que, por maior que seja a paixão, não se conhece bem no início de relacionamento. Esse sonho de encontrar um príncipe encantado, educado e gentil, de boa aparência e de situação financeira estável, é comum a quase todas as mulheres. Nós crescemos com essa imagem de felicidade - a mulher realizada é aquela que encontrou um homem provedor e gentil, bom pai e bom marido. Ou seja, nós crescemos acreditando que, sem um relacionamento fixo, de preferência casamento, não é possível ser feliz, por mais que a mulher tenha uma carreira brilhante e seja muito bem sucedida financeiramente. 

Essa dependência que a mulher tem de um relacionamento é somente em parte responsabilidade da nossa sociedade machista e conservadora. O outro fator responsável por esse "sonho", pela dependência afetiva das mulheres, é o ambiente familiar e emocional em que essa mulher cresceu.

Um número muito grande de mulheres é, em menor ou maior grau e em determinados momentos de suas vidas, depende afetivamente de seus paceiros, ou seja, são pessoas cujas vidas se orientam em função de relacionamentos afetivos, e não em função de seu próprio bem-estar e interesses pessoais. São mulheres com baixa auto-estima, que colocam os outros em primeiro lugar e estão dispostas a sacrificar sua felicidade pessoal para não ficarem sozinhas. É óbvio que nem todas as mulheres que "abrem mão" de sua vida no Brasil em função de um amor na Alemanha são dependentes afetivos - há mulheres que, apesar de todas as limitações culturais e sociais que enfrentam na Alemanha, conseguem encontrar seu espaço próprio, têm uma boa auto-estima e dedicam-se a seus objetivos pessoais, têm vida própria, não controlam seus parceiros e vivem um relacionamento saudável. Mas há também aquelas que se fixam no relacionamento e fazem dele o centro de suas vidas. São casos típicos de dependência afetiva.

As mulheres que sofrem de dependência afetiva também são conhecidas como "mulheres que amam demais", termo cunhado por Robin Norwood, autora do livro de mesmo nome. "Amar demais" aqui tem o sentido de amar além da conta, de forma doentia, controladora e obsessiva.

 Quem são essas mulheres?

Características da mulher que ama demais:

É geralmente uma mulher que cresceu em uma família disfuncional (leia mais em item abaixo) na qual suas necessidades emocionais não foram atendidas. Tendo recebido pouca atenção quando criança, tenta diminuir sua carência tornando-se uma pessoa altruísta, que dá aos outros mais do que lhe é pedido, esperando receber em troca o carinho de que necessita.

Como nunca foi capaz de transformar seus pais em pessoas mais carinhosas e atenciosas, inconscientemente procura um parceiro pouco atencioso e emocionalmente indisponível, que ela tenta mudar através do seu amor, repetindo assim o comportamento que tinha dentro de sua família disfuncional de origem. A mulher que ama demais não foi amada nem aprendeu a amar de forma saudável, por isso repete o mesmo comportamento com o parceiro.

Com medo de ser abandonada, fará de tudo para evitar que o relacionamento acabe. Nada lhe parece pouco, leva muito tempo ou é muito caro se for para "ajudar" ao parceiro. Acostumada à falta de amor nas relações pessoais, está disposta a abrir mão do seu tempo, sonhos e metas para agradar ao parceiro e manter o relacionamento.

Sua auto-estima é extremamente baixa e, no fundo, não acredita que mereça ser feliz. É dependente do parceiro e da dor emocional que um relacionamento disfuncional lhe proporciona. Essa dor é, na verdade, a única forma de contato que tem com seus próprios sentimentos. A mulher que ama demais cresceu com essa dor, e confunde-a com amor.

Essa confusão se dá na infância, quando a criança não consegue entender como é que os seus próprios pais, que deveriam amá-la, possam tratá-la mal, ser negligentes ou mentir para ela ao mesmo tempo. A estrutura emocional da criança não suporta a verdade de que os pais não a amam tanto assim, por isso refugia-se no imaginário e associa a dor que sente a uma forma de amor. Portanto, para ela dor e amor são a mesma coisa, e repete esse padrão de comportamento pelo resto da vida.

A mulher que ama demais tem necessidade de controlar as pessoas e os relacionamentos, por medo de perda, por carência e por insegurança. Mas disfarça esse controle, colocando-se como uma pessoa prestativa, sempre pronta a ajudar.

Idealiza os relacionamentos ao invés de enxergar a situação real como ela é. Por esse motivo, acaba envolvendo-se com pessoas cuja vida emocional é caótica, incerta e sofrida. A mulher que ama demais é incapaz de enxergar seus próprios problemas, por isso procura pessoas complicadas que precisem de sua ajuda e que tenta mudar. É, na verdade, uma maneira de escapar de seus próprios problemas. Lembre-se de que para ela dor e amor são a mesma coisa, a nível inconsciente.

Se enfrentasse seus próprios problemas, se tentasse se conhecer, essa relação amor/dor perderia o sentido, assim como sua própria vida emocional perderia sua base. O medo do vazio faz com que se agarre com unhas e dentes a essas situações emocionalmente caóticas - nesse cenário, sabe como "sobreviver". E se, por acaso, o relacionamento acaba e entra em depressão, procura rapidamente um novo relacionamento instável com um homem emocionalmente desequilibrado.  Na sua visão deturpada da realidade, a mulher que ama demais acha "bonzinhos e chatos" os homens gentis, seguros e genuinamente interessados nela. Ela não aprendeu ainda a amar e a ser amada, só a sentir dor, por isso procura INCONSCIENTEMENTE homens que a façam sofrer. 

O QUE VOCÊ SABE SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?


O que é violência contra a mulher?

Na definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.

“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”

Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de 1993.
A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um grave problema de saúde pública.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “as conseqüências do abuso são profundas, indo além da saúde e da felicidade individual e afetando o bem-estar de comunidades inteiras.”

De onde vem a violência contra a mulher?

Ela acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres.
Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a mulher, na raiz de tudo está a maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.

Por que muitas mulheres sofrem caladas?

Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofram caladas e não peçam ajuda. Para elas é difícil dar um basta naquela situação. Muitas sentem vergonha ou dependem emocionalmente ou financeiramente do agressor; outras acham que “foi só daquela vez” ou que, no fundo, são elas as culpadas pela violência; outras não falam nada por causa dos filhos, porque têm medo de apanhar ainda mais ou porque não querem prejudicar o agressor, que pode ser preso ou condenado socialmente. E ainda tem também aquela idéia do “ruim com ele, pior sem ele”.
Muitas se sentem sozinhas, com medo e vergonha. Quando pedem ajuda, em geral, é para outra mulher da família, como a mãe ou irmã, ou então alguma amiga próxima, vizinha ou colega de trabalho. Já o número de mulheres que recorrem à polícia é ainda menor. Isso acontece principalmente no caso de ameaça com arma de fogo, depois de espancamentos com fraturas ou cortes e ameaças aos filhos.

O que pode ser feito?

As mulheres que sofrem violência podem procurar qualquer delegacia, mas é preferível que elas vão às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher (DDM). Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados Especiais, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e em organizações de mulheres.

Como funciona a denúncia

Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.
Dependendo do tipo de crime, a mulher pode precisar ou não de um advogado para entrar com uma ação na Justiça. Se ela não tiver dinheiro, o Estado pode nomear um advogado ou advogada para defendê-la.
Muitas vezes a mulher se arrepende e desiste de levar a ação adiante.
Em alguns casos, a mulher pode ainda pedir indenização pelos prejuízos sofridos. Para isso, ela deve procurar a Promotoria de Direitos Constitucionais e Reparação de Danos.

Violência contra idosos, crianças e mulheres negras - além das Delegacias da Mulher, a Delegacia de Proteção ao Idoso e o GRADI (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) também podem atender as mulheres que sofreram violência, sejam elas idosas ou não-brancas, homossexuais ou de qualquer outro grupo que é considerado uma “minoria”. No caso da violência contra meninas, pode-se recorrer também às Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Tipos de violência

Violência contra a mulher - é qualquer conduta - ação ou omissão - de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.
Violência de gênero - violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.
Violência doméstica - quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.
Violência familiar - violência que acontece dentro da família, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa).
Violência física - ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa.
Violência institucional - tipo de violência motivada por desigualdades (de gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em diferentes sociedades. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos diferentes grupos que constituem essas sociedades.
Violência intrafamiliar/violência doméstica - açontece dentro de casa ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono.
Violência moral - ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher.
Violência patrimonial - ato de violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores.
Violência psicológica - ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.
Violência sexual - acão que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.
Consta ainda do Código Penal Brasileiro: a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.

Fases da violência doméstica

As fases da situação de violência doméstica compõem um ciclo que pode se tornar vicioso, repetindo-se ao longo de meses ou anos.
Primeiro, vem a fase da tensão, que vai se acumulando e se manifestando por meio de atritos, cheios de insultos e ameaças, muitas vezes recíprocos. Em seguida, vem a fase da agressão, com a descarga descontrolada de toda aquela tensão acumulada. O agressor atinge a vítima com empurrões, socos e pontapés, ou às vezes usa objetos, como garrafa, pau, ferro e outros. Depois, é a vez da fase da reconciliação, em que o agressor pede perdão e promete mudar de comportamento, ou finge que não houve nada, mas fica mais carinhoso, bonzinho, traz presentes, fazendo a mulher acreditar que aquilo não vai mais voltar a acontecer.
É muito comum que esse ciclo se repita, com cada vez maior violência e intervalo menor entre as fases. A experiência mostra que, ou esse ciclo se repete indefinidamente, ou, pior, muitas vezes termina em tragédia, com uma lesão grave ou até o assassinato da mulher.

Homens e a violência contra a mulher

A violência é muitas vezes considerada como uma manifestação tipicamente masculina, uma espécie de “instrumento para a resolução de conflitos”.
Os papéis ensinados desde a infância fazem com que meninos e meninas aprendam a lidar com a emoção de maneira diversa. Os meninos são ensinados a reprimir as manifestações de algumas formas de emoção, como amor, afeto e amizade, e estimulados a exprimir outras, como raiva, agressividade e ciúmes. Essas manifestações são tão aceitas que muitas vezes acabam representando uma licença para atos violentos.
Existem pesquisas que procuram explicar a relação entre masculinidade e violência através da biologia e da genética. Além da constituição física mais forte que a das mulheres, atribui-se a uma mutação genética a capacidade de manifestar extremos de brutalidade e até sadismo.
Outros estudos mostraram que, para alguns homens, ser cruel é sinônimo de virilidade, força, poder e status. “Para alguns, a prática de atos cruéis é a única forma de se impor como homem”, afirma a antropóloga Alba Zaluar, do Núcleo de Pesquisa das Violências na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Saiba mais sobre masculinidades e violência acessando os sites doInstituto PromundoInstituto Noos e Instituto Papai.

Violência e religião
A violência contra as mulheres é um fenômeno antiqüíssimo e considerado o crime encoberto mais praticado no mundo.
“Tem sido legalizado, através dos tempos, por leis religiosas e seculares, legitimado por diferentes culturas e por mitos da tradição oral ou escrita.”
Fonte: Católicas pelo Direito de Decidir, Violência contra as mulheres, 2003.
Em seus cursos sobre a relação violência e religião, o grupo Católicas pelo Direito de Decidir enfatiza que:
· A legitimidade que a religião tem dado à subordinação da mulher não é essencialmente divina.
· Temos o direito de questionar e não aceitar aqueles aprendizados teológicos e religiosos que fomentam o poderio do homem e a subordinação da mulher, sustentando assim a violência.
· Deve-se “suspeitar” das imagens sagradas que possam estar legitimando uma relação violenta e que possa estar motivando uma eterna discriminação e desigualdade entre homens e mulheres.
Saiba mais sobre a relação entre violência e religião acessando o site das Católicas pelo Direito de Decidir.

Violência e saúde (física e psicológica)

A violência contra a mulher, além de ser uma questão política, cultural, policial e jurídica, é também, e principalmente, um caso de saúde pública. Muitas mulheres adoecem a partir de situações de violência em casa.
Muitas das mulheres que recorrem aos serviços de saúde, com reclamações de enxaquecas, gastrites, dores difusas e outros problemas, vivem situações de violência dentro de suas próprias casas.
A ligação entre a violência contra a mulher e a sua saúde tem se tornado cada vez mais evidente, embora a maioria das mulheres não relate que viveu ou vive em situação de violência doméstica. Por isso é extremamente importante que os/as profissionais de saúde sejam treinadas/os para identificar, atender e tratar as pacientes que se apresentam com sintomas que podem estar relacionados a abuso e agressão.

Violência e saúde mental

A mulher não deve ser vista apenas como uma “vítima” da violência que foi provocada contra ela, mas como elemento integrante de uma relação com o agressor que ocorre em um contexto bastante complexo, que às vezes se transforma em uma espécie de jogo em que a “vítima” passa a ser “cúmplice”.
A mulher às vezes faz uma denúncia formal contra o agressor em uma delegacia especializada para, logo depois, retirar a queixa. Outras vezes, ela foge para uma casa-abrigo levando consigo as crianças por temer por suas vidas e, algum tempo depois, volta ao lar, para o convívio com o agressor. São situações que envolvem sentimentos, forças inconscientes, fantasias, traumas, desejos de construção e destruição, de vida e de morte.
Leia mais no artigo “Saúde mental e violência”, de Paula Francisquettino site do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em pdf.
Leia sobre as conseqüências psicológicas da violência doméstica e daviolência sexual contra as mulheres.
Saiba mais sobre a relação entre violência e saúde em Violência contra a mulher e saúde no Brasil e em Violencia, género y salud.

custo econômico da violência doméstica

Segundo dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento:
· Um em cada 5 dias de falta ao trabalho no mundo é causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas.
· A cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela sofre violência doméstica.
· O estupro e a violência doméstica são causas importantes de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva.
· Na América Latina e Caribea violência doméstica atinge entre 25% a 50% das mulheres.
· Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha menos do que aquela que não vive em situação de violência.
· No Canadá, um estudo estimou que os custos da violência contra as mulheres superam 1 bilhão de dólares canadenses por ano em serviços, incluindo polícia, sistema de justiça criminal, aconselhamento e capacitação.
· Nos Estados Unidos, um levantamento estimou o custo com a violência contra as mulheres entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões ao ano.
· Segundo o Banco Mundial, nos países em desenvolvimento, estima-se que entre 5% a 16% de anos de vida saudável são perdidos pelas mulheres em idade reprodutiva como resultado da violência doméstica.
· Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento estimou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do PIB de um país.

Violência sexual e DSTs/contracepção de emergência

A violência sexual expõe as mulheres e meninas ao risco de contrair DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e de engravidar.
A violência e as ameaças à violência limitam a capacidade de negociar o sexo seguro. Além disso, estudos mostraram que a violência sexual na infância pode contribuir para aumentar as chances de um comportamento sexual de risco na adolescência e vida adulta.
Outra questão importante é que a revelação do status sorológico (estar com o HIV) para o parceiro ou outras pessoas também pode aumentar o risco de sofrer violência.

Cuidados após a violência sexual

Após a violência sexual a mulher (ou menina) pode contrair DSTs, como HIV/AIDS, ou engravidar. Para prevenir essas ocorrências, o Ministério da Saúde emitiu uma Norma Técnica (disponível no site do Cfemea, em pdf) para orientar os serviços de saúde sobre como atender as vítimas de violência sexual.
Mas, se mesmo assim ocorrer a gravidez, a mulher pode recorrer a um serviço de aborto previsto em lei em hospital público. É um direito incluído no Código Penal (artigo 128) e regulamentado pelo Ministério da Saúde.

Assédio sexual

O assédio sexual é um crime que acontece em uma relação de trabalho, quando alguém, por palavras ou atos com sentido sexual, incomoda uma pessoa usando o poder que tem por ser patrão, chefe, colega ou cliente.
Segundo o Código Penal - artigo 216-A, incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de maio de 2001 - o crime de assédio sexual prevê pena de detenção, de 1 a 2 anos.

Tráfico e exploração sexual de mulheres

No Brasil, a maioria das vítimas do tráfico de seres humanos são mulheres, que abastecem as redes internacionais de prostituição.
Em 2002, a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf) identificou que as vítimas brasileiras das redes internacionais de tráfico de seres humanos são, em sua maioria, adultas. Elas saem principalmente das cidades litorâneas (Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza), mas há também casos nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Os destinos principais são a Europa (com destaque para a Itália, Espanha e Portugal) e América Latina (Paraguai, Suriname, Venezuela e Republica Dominicana).
A Pestraf foi coordenada pela professora Lúcia Leal, da Universidade de Brasília (UnB), e serviu de ponto de partida para o trabalho pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional realizado em 2003 e 2004.

Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes
O número de denúncias aumentou bastante nos últimos anos, devido a uma das principais ações de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes: a divulgação do disque-denúncia (0800-99-0500), número do Sistema Nacional de Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil, mantido pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia <http://www.abrapia.org.br>).

Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil

Criado com o objetivo de implementar um conjunto articulado de ações e metas para assegurar a proteção integral à criança e ao adolescente em situação de risco de violência sexual, esse Plano aponta mecanismos e diretrizes para a viabilização da política de atendimento estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Para o acompanhamento da implantação e implementação das ações do Plano Nacional, foi criado o Fórum Nacional pelo Fim da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, que reúne organizações do governo e da sociedade que atuam na prevenção e no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.
Mais informações com o Cecria - Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes.

Violência contra as mulheres negras e indígenas

No Brasil, as mulheres negras e indígenas carregam uma pesada herança histórica de abuso e violência sexual, tendo sido por séculos tratadas como máquinas de trabalho e sexo, sem os direitos humanos básicos.
Hoje, as mulheres negras e indígenas sofrem uma dupla discriminação - a de gênero e a racial - acrescida de uma terceira, a de classe, por serem em sua maioria mulheres pobres.
Todos esses fatores aumentam a vulnerabilidade dessas mulheres, que muitas vezes enfrentam a violência não apenas fora, mas também dentro de suas casas.

Violência contra as lésbicas
O fato de ser lésbica torna as mulheres homossexuais ainda mais vulneráveis às diversas formas de violências cometidas contra as mulheres.
“As jovens que se descobrem lésbicas, e que vivem com seus pais, são as que mais sofrem violência. A família reprova a lesbianidade da filha e procura impor a heterossexualidade como normalização da prática sexual do indivíduo. Por serem destituídas de qualquer poder, os pais buscam sujeitar e controlar o corpo das filhas lésbicas, lançando mão de diferentes formas de violência, como os maus-tratos físicos e psicológicos. E não faltam acusações, ameaças e, inclusive, a expulsão de casa. As ocorrências de violência sempre têm o sentido de dominação: é o exercício do poder, utilizado como ferramenta de ensino, punição e controle.”
Fonte: Marisa Fernandes, “Violência contra as lésbicas”, Maria, Maria, nº 0.
Mais informações no site do Um Outro Olhar.

Violência contra as mulheres idosas
A discriminação contra a mulher começa na infância e vai até a velhice. Em alguns casos, começa até mesmo antes do nascimento, na seleção do sexo do embrião.
No caso da violência doméstica contra os idosos, a imensa maioria das vítimas são mulheres. Segundo Maria Antonia Gigliotti, aos 77 anos, presidente do Conselho Municipal do Idoso da cidade de São Paulo, isso “tem a ver com a lógica do sistema patriarcal, que considera que a mulher vale menos do que o homem, não importa a idade que ela tenha. Também conta o fator financeiro: as mulheres idosas são normalmente bem mais pobres do que os homens idosos”.
Fonte: UnifemMaria, Maria nº 0.

ABORTO NO MEIO CRISTÃO 1

 "Mesmo tendo nascido num lar evangélico, tive uma gravidez fora do casamento. Era a segunda na família, porque minha irmã mais nova já havia engravidado antes, Fiquei com depressão. Pensei várias vezes em suicidar. Quase tentei, mas na hora "H", não consegui. Via vultos. O inimigo me perseguia visivelmente. Chorava, chorava, chorava. Não queria enfrentar meu problema e nem tinha forças para isso. Cheguei a pensar em abortar minha filha. Chegaram a me oferecer o remédio. Estava com 21 anos. Morava com meus pais. Desejava freqüentar uma igreja, pois temia me perder ainda  mais no mundo. Fui muito 'apedrejada' e discriminada. Muitos deram as costas para mim. Não havia ninguém que me apoiasse, que abraçasse a minha causa. Meus pais também ficaram frustrados, com vergonha por ter na família uma filha crente e grávida. Mas não me expulsaram de casa.

Depois de minha primeira filha, já com anos e eu morando com meus pais, reencontrei aquele que seria meu futuro esposo. Eu o conheci quando tinha 15 anos. Ele fora meu primeiro namorado. Namoramos apenas um ano e terminamos. E depois de todo esse período que vivi, oito anos depois, nos reencontramos. Ele começou a freqüentar a igreja comigo. Após todas as experiências frustrantes, resolvemos dar uma chance a nós mesmos. Em dezembro de 2007, decidimos nos casar no civil. Em março de 2008, descobri que estava novamente grávida. Foi uma gravidez inesperada totalmente indesejada, porque a gente iria se casar no religioso também. Não tive o casamento religioso e fiquei totalmente frustrada com a gravidez. E meu esposo também, porque não esperávamos isso. Já estávamos criando minha primeira filhinha, que estava então com 3 aninhos. Eu não queria ter mais filhos, não queria me lembrar de tudo que tinha se passado. Tinha muitos pensamentos ruins. Foi muito difícil aceitar essa segunda gravidez. Meu esposo estava desempregado e num trabalho temporário. Eu estava por ser efetivada, mas fui demitida. Ficamos os dois desempregados, morando de aluguel. Vivíamos apenas com o básico, com o necessário. Éramos os dois, desempregados e frustrados. Comecei a ficar triste de novo, lamentando, chorando pelos cantos da casa. Meu marido saía de manhã, voltava à noite, e era a mesma coisa. Passamos muita necessidade. Pensávamos em nos separar porque brigávamos muito. Foi quando comecei a orar, a buscar ao Senhor. Não podia desistir agora. Então, vi que Deus não tinha se esquecido de mim. Passei a freqüentar a Igreja Batista da Lagoinha em março desse ano. Precisava de uma pessoa que pudesse interceder por mim, de cobertura espiritual. Em Lagoinha consegui isso. E assistindo a TV Rede Super, o programa Sempre Feliz, vi a pastora Ezenete e a Iná Sobolewski  falando do projeto/ ministério AMGI (Apoio às Mulheres com Gravidez Indesejada http://amgi.org.br/ ). Interessei-me na hora. Anotei os contatos, e mandei um e-mail pelo computador de uma amiga minha.

Isso foi numa sexta, e já numa segunda foi agendado um encontro. E quando lá cheguei, me receberam com muito carinho. Fui então encaminhada para a Estância Paraíso, mas ainda, sendo acompanhada e assistida pelo AMGI em todas as áreas e necessidades, tanto espirituais quanto naturais. Tudo se deu a partir de março desse ano, e aos quatro meses de gestação da minha segunda filhinha, também uma menina, já estava participando de todos os projetos antes e pós-parto. Até minha primeira filha passou pelo processo de intercessão, porque também se sentia rejeitada. E se eu não descobrisse isso antes, ela iria crescer cora esse sentimento. Ela nasceu saudável mesmo após todas as complicações que tive e por não cuidar dela na gestação como deveria. Ela é uma bênção. Completou 4 anos em 24 de novembro de 2008.

Nasci num lar evangélico, mas não conhecia o Senhor verdadeiramente como conheço agora, Aos 25 anos aprendi o que é ter experiência com Jesus. Entendi que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, Peço a Ele muita vida, saúde e força para continuar sendo mãe de verdade de minhas filhas e uma esposa virtuosa. Nossa família foi restaurada. Creio que em 2009 tudo será diferente. Creio nas promessas de Deus.
Quero deixar um recado àqueles que porventura estejam vivendo o que vivi: há esperança. Só Ele dá a vida e só Ele pode tirá-la. Só Ele pode fazer por você o quefez por mim".

Texto retirado de


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO MEIO CRISTÃO 1


Duas notícias recentes chocam o Brasil. Uma advogada assassinada por seu ex-namorado e atirada dentro de um rio juntamente com seu carro. Outra mulher, que cobrava pensão para o filho de um jogador de futebol, sequestrada, morta, desossada e o corpo jogado para os cachorros, leva-nos a meditar sobre agressões às mulheres.
Segundo dados de 2004, estimava-se que no Brasil a cada 4 (quatro) minutos uma mulher era agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantinha uma relação de afeto.
Em estatísticas de 2006, segundo a Sociedade Mundial deVitimologia (Holanda), que pesquisou a violência doméstica em 138 mil mulheres de 54 países, 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas à violência doméstica.
E o Brasil e o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo cerca de 10,5% do seu PIB em decorrência desse grave problema(http://ww.ibam.org.br/viomulher/bibliore.htm).
Segundo estatísticas de 2010, uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil,deixando o país em 12o (décimo segundo) no ranking mundial de homicídios de mulheres (Publicado pelo jornal O Globo, 11-07-2010).
O que leva essas mulheres a continuarem com os maridos ou parceiros, apesar de terem sido humilhadas, espancadas e, ou ameaçadas? Por que muitas retornam para casa diversas vezes, ou se submetem a abusos que provavelmente lhes matarão?
Podemos ser simplistas a ponto de crer que seria fácil para essas mulheres fazerem as malas e ir embora, contudo há muito mais envolvido no relacionamento da mulher agredida e o agressor.
Formam-se caricaturas de mulheres violentadas, tais como: A mulher espancada geralmente é pobre, analfabeta, cheia de filhos, fraca, pequena, vem de lares violentos, não tem para onde ir, etc., embora algumas se encaixem nesses perfis, outras não. Por quê, então permanecem debaixo da violência?
Analisemos alguns elementos:
        Mulheres dependentes do marido financeiramente:Muitas esposas, com filhos, realmente encontram-se sem opções para onde ir. Como fugir de um homem que a ameaça, se não tem família para onde correr? Não tem emprego, não pode deixar os filhos com o agressor? não vê como escapar deste homem.

        Mulheres dependentes do marido financeiramente para manter seu alto padrão: Muitas mulheres da classe social elevada também não querem sair de casa para não deixar para trás seu alto padrão de vida. Vejam bem, que a agressão nem sempre é física, pode ser emocional, através de insultos, humilhações, xingamentos.

        Medo das ameaças: O agressor, em sua maioria, é ameaçador. Ele, na sua insegurança, agride,arrepende-se e ameaça a mulher com medo de perdê-la. Muitas das que conseguem sair, voltam, mostrando ao marido que ele continua no controle.

        Mulheres dependentes do marido emocionalmente: A maioria das mulheres agredidas tem a auto-estima muito baixa, e acha que merecia a agressão. Por outro lado, elas imaginam não conseguir viver sem seus parceiros:afinal de contas ele é tão bonzinhoquando eu não o provoco”, pensam muitas delas.
       
        Mulheres evangélicas recebem reafirmação de continuar, através de dois versículos bíblicos totalmente mal utilizados neste caso: MULHERES, SEDE SUBMISSAS A VOSSOS MARIDOS. Efésios5:22; e A MULHER NÃO TEM PODER SOBRE O SEU PRÓPRIO CORPO, MAS TEM-NO O MARIDO. I Coríntios 7:4.

Não se enganem! 75% das mulheres maltratadas que conseguem e tem a coragem de refazer boletim de ocorrência encontram-se no meio evangélico. Se casadas com homens não evangélicos, a culpa lhes é imposta por ter feito algo, segundo a maior parte das igrejas evangélicas, em desacordo com a Palavra de Deus, e que agora encontram-se somente pagando por sua desobediência.
Se casadas com homens supostamente evangélicos, o conselho de muitos líderes religiosos é que tenham paciência, orem para que Deus restaure seus relacionamentos. O próprio marido, é claro, chama para si o versículo da submissão e do controle sobre o corpo da esposa, arrogando-se do direito de discipliná-la no caso de “ter que corrigir alguma coisa que ela faça de errado.”
Creio termos aqui o controle patriarcal bem instalado, principalmente dentro das igrejas. A mulher, desde muito cedo é ensinada pela sociedade e a igreja que é o sexo mais frágil, e que seu lugar “é esfriando a barriga no tanque e esquentando no fogão” e na igreja “sentada no último banco e calada!”. Ela acredita nos mitos estabelecidos pelas instituições religiosas e pela sociedade patriarcal de controle, deixando-se assim violentar tanto emocional quanto fisicamente.
Infelizmente, muitos líderes religiosos ainda se armam de alguns argumentos bíblicos para manter a mulher debaixo de agressões emocionais e físicas.Existem palavras, insultos que chicoteiam mais do que espancamentos, que derrotam edestruem o ego e a auto-estima de uma mulher.
Homens que conseguem declarar para suas esposas ou parceiras que sentem asco delas, que as denominam de burras, tontas, idiotas, bruxas e coisas assim, conseguem retirar toda dignidade de um ser humano.
Será que realmente é isso que Deus pretende para suas filhas? Ou necessitamos entender o equilíbrio entre retirar um versículo de um texto e usar como pretexto? e os versos emEfésios que ensina os maridos a amarem suas esposas assim como Cristo amou a Igreja e deu sua própria vida por ela? Alguém pode imaginar Cristo xingando e esmurrando sua Igreja? Pelo contrário, Ele foi chicoteado, escarnecido,humilhado como um cordeiro imolado, por sua Igreja.
Será que o verso que fala sobre o corpo da mulher pertencer ao seu marido, dá ao homem também o direito de estuprá-la ou fazer sexo com ela, mesmo que ela não se encontre pronta para tal?
A culpa e o medo de estar infringindo a lei de Deus, muitas vezes mantém as mulheres cristãs dentro de um relacionamento destruidor. Não tenho eu que suportar tudo para não ferir os mandamentos da lei de Deus? não é Cristo contra o divórcio? Não diz o Livro Sagrado que o que Deus uniu não separe o homem? ” Contra argumentam dentro das igrejas.
Se tivermos a coragem de enfrentarmos a situação da violência doméstica com racionalidade e priorizarmos a segurança e o bem estar da família debaixo de agressão, veremos que os versos usados não são aval para a violência. Entenderemos que Deus não quer, nem nunca pretendeu que mulheres e crianças vivam condenadas a humilhações. A vontade Dele para o ser humano é boa, santa e agradável. Quando um homem fere o princípio do fruto do Espírito que é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, temperança e auto-controle, não se pode mais pedir a esta mulher que continue com ele sob o pretexto de que seja a vontade de Deus. Nada mais se deve exigir desta mulher.
Ela está livre para fazer boletim de ocorrência. Livre para sair e tentar encontrar uma nova vida reestruturando sua dignidade humana, sabendo que ser mulher não representa ser inferior, mais frágil, dever estar debaixo do controle do homem, precisando “ser disciplinada para aprender a fazer as coisas direito”.
Não. Mil vezes não! Mulher nenhuma precisa se submeter a afrontas emocionais ou físicas. Você pode sair sim desta situação. Você tem valor. Você encontrará uma maneira de dizer não ao abuso. Procure alguém, fale, grite, busque ajuda, mas não permita que sua dignidade e auto- estima se percam nesse processo.
Texto retirado de:

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VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER


A violência sexual, praticada sob forma de abuso (ato sexual entre um adulto e uma criança), estupro (conjunção carnal forçada por meio de violência), ou do atentado violento ao pudor (prática de ato libidinoso diverso da conjugação carnal mediante coerção), ocorre em todos os tipos de sociedade, e afeta pessoas de qualquer idade, classe social e etnia. Os autores da violência sexual podem ser conhecidos, desconhecidos e mesmo familiares. No caso da violência contra mulheres, com muita freqüência os autores são os parceiros, maridos ou namorados. 

É difícil estimar a magnitude da violência sexual. As vítimas tendem a silenciar sobre o assunto, seja por medo de represália, quando o autor é familiar ou conhecido, vergonha, sentimentos de humilhação e culpa, já que persiste no imaginário social, e mesmo entre os profissionais de saúde que atendem em serviços de emergência, a idéia de que a mulher é culpada pela violência sofrida . Apesar desta dificuldade, e considerando apenas os casos registrados em bancos de dados policiais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta para uma prevalência de estupro entre 2 e 5%, nos diferentes países do mundo .

A violência sexual pode acarretar diversos problemas de saúde para a mulher, tanto imediatamente após o evento quanto a médio e longo prazo. Nestes casos podem ser citadas queixas físicas, como cefaléia crônica, alterações gastrointestinais, dor pélvica, e outras, ou sintomas psicológicos e comportamentais, como disfunção sexual, depressão, ansiedade, transtornos alimentares/obesidade e o uso abusivo de drogas .
Dentre as conseqüências imediatas da violência para a saúde das mulheres, devem ser consideradas as infecções do trato reprodutivo, incluindo a infecção pelo HIV, e a chance de gravidez.

Texto retirado de:

Cad. Saúde Pública vol.23 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2007